Estória de assédio sexual no local de trabalho

Estória da Gisela, mulher que conseguiu superar de forma positiva o assedio sexual no local de trabalho, uma prática infelizmente recorrente entre os postos de trabalho de baixa renda em Moçambique.

Ao contrário de tantas mulheres que se deixam abater pelos duros combates da vida, e consequentemente a perda de personalidade e dignidade no local trabalho, Gisela Pitorruane de 29 anos de idade, é um exemplo de mulher lutadora, e mostra que é possível superar a questão do assédio sexual contra as mulheres no local de trabalho.

A perda do seu pai muito cedo, fez com que a Gisela engrenasse muito cedo no mercado de emprego. Uma vez que, após este facto trágico na sua vida, a Gisela passou a viver com a sua mãe, que é uma desempregada e com os seus irmãos, de entre os quais a Gisela é a primogénita, a Gisela e a sua família vivem no bairro da Machava Socimol.

A quando da morte do seu pai a Gisela tinha 18 anos de idade e frequentava a 11ª Classe na Escola Secundaria Francisco Manyanga, embora ainda menina, devido as dificuldades da vida, a Gisela foi obrigada a trabalhar para ajudar com as despesas da casa.

A Gisela procurou por um emprego durante muito tempo,que só veio achar o seu primeiro emprego graças ajuda de uma amiga sua, que tinha na altura um tio accionista de uma Empresa de Construção Civil, que arranjou-lhe o emprego na mesma instituição como recepcionista.

Após ter encontrado este emprego a Gisela transferiu-se para estudar no período pós-laboral, uma vez que o horário do trabalho e da escola não eram compatíveis. Portanto a Gisela trabalha das 8h as 16h como forma de conseguir um espaço de tempo para se fazer a escola, e por este trabalho a Gisela ganhava 2.500 Mt.

Não obstante, a Gisela era vítima de assédio sexual no seu local de trabalho, o patrão sempre a convida para sair, dizia insistentemente que gostava dela, queria a escola dela pagar lanche, dar-lhe boleia a casa uma vez que vivia longe da escola, e que aumentaria o seu salário.

A Gisela era uma menina honesta, humilde, empreendedora que sabia o que queria e fazia da sua vida. A Gisela não aceitava as propostas do seu patrão, dizendo-lhe que não podia fazer aquilo, pós o seu patrão era casado e a Gisela tinha na altura um namora de que gostava tanto.

Mesmo assim, o seu patrão insistia e a Gisela não cedia aos desejos do seu patrão. Nessa mesma altura a Gisela fazia as suas poupanças porque sempre teve um sonho ter um salão de cabeleireiro, não obstante degrau á degrau o sonho da Gisela ia se tornando uma realidade, devido a sua garra e determinação.

A situação de assédio no seu local de trabalho não mudava, e a Gisela ingénua e sem saber o que fazer para reverter a situação acabou contando para o seu namorado uma vez que o seu patrão ligava-a constantemente, já a tratava mal no local de trabalho e arranjava até momentos fora do horário normal de trabalho para estar com a Gisela no local de trabalho.

Desta forma a Gisela cansou-se e sem saber o que fazer, decidiu abandonar o emprego, e com as poupanças que foi fazendo durante dois anos que trabalhou nesta empresa, criou no quintal da sua casa um pequeno salão de cabeleireiro, e hoje emprega três raparigas, a quem paga mensalmente 2.000 Mt a cada uma, e consegue ajudar a sua família.

Gisela mesmo sendo uma pequena empreendedora, nunca deixou de estudar e batalhar pela vida, a Gisela frequenta a Universidade Pedagógica e cursando Recursos Humanos, no período pós-laboral, casou-se, tem casa e carro próprio.

Não obstante a Gisela encontra-se hoje a trabalhar na Empresa de Segurança G4S, como recepcionista, isto é, a Empresa de Segurança G4S é uma instituição que oferece as outras empresas seguranças, recepcionistas, etc.

A Gisela trabalha como volante, isto é não tem lugar fixo muda constantemente de local de trabalho segundo as ordens do seu superior. Mas actualmente a Gisela encontra-se a prestar serviços de recepcionista no edifício Central do Banco Millenium Bim.

Contudo, a Gisela diz ter muito azar com a questão do assédio sexual e racismo no local de trabalho, recentemente o seu patrão tentou assedia-la, dizendo que lhe promovia, marcava encontros com ela, e dizia ao seu patrão que é uma mulher casada, mas este por vezes insistia, até que uma vez a Gisela contou as suas colegas de trabalho que se encontram a mas tempo na instituição que a aconselharam que fizesse o seguinte: Procurasse mostrar a patrão que não é uma coitada, e que podia muito bem viver sem este emprego. Para tal a Gisela tinha que cortar o mal pela raiz, isto é, mostrar ao seu patrão que não precisava do seu dinheiro extra-laboral, e a Gisela tinha de comprar alguns presentes para eles mostrando-o deste jeito que não podia ser comparada ou assediada.

Num belo dia a Gisela comprou uma garrafa de Whisky e ligou para o seu patrão dizendo que tem um presente para Ele, e marcaram um encontro fora do trabalho e a Gisela ofereceu ao seu patrão a garrafa e este sentiu-se envergonhado que pelo menos até a data hoje nunca mais voltou a ter a mesma atitude. Embora no princípio o castigava mas agora tudo voltou a normalidade.

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